terça-feira, 17 de maio de 2011

Eleonora Lo Bianco: De volta a vida


Quando Lo Bianco voltou do Mundial do Japão, ainda em Novembro de 2010, teve que enfrentar uma dura etapa em sua vida, descobriu um tumor no seio, que a obrigou a ficar longe das quadras por alguns meses. No período em que esteve ausente, recebeu o carinho de torcedores do voleibol de todo o mundo. Agora, com mais essa batalha vencida, a jogadora está de volta! Em uma entrevista exclusiva para a revista especializada Pallavolo Supervolley, Leo contou um pouco sobre sua caminhada de volta a vida.

Eleonora, como está?

- Melhor, obrigada. Ainda não estou no meu máximo, mas as coisas vão definitivamente melhor.

Vamos voltar no tempo e reviver os meses que viveu sem o voleibol?

- Para falar a verdade faço isso o menos possível, porque agora estou concentrada em outras coisas e é nisso que penso, mas podemos tentar.

Qual foi a coisa mais difícil de confrontar?

- Foi aceitar aquilo que estava acontecendo comigo, porque você sempre pensa que essas são coisas distantes, coisas que jamais vão acontecer com você. Mas quando acontece, você não entende. Eu não conseguia entender o porque, não conseguia entender porque eu, porque naquele momento, porque com 30 anos. Essa foi a coisa mais difícil. O resto, a operação em si, não me criou grandes problemas, tirando o fato que devia retornar também a condição de quem faz esporte. Recuperar da cirurgia, no entanto, não foi tão complicado.

E o momento mais bonito que se recorda?

- A minha primeira partida depois da longa ausência, porque a muito tempo esperava por isso. Mas talvez, tirando a partida, o momento mais bonito foi quando entrei em quadra novamente em Bergamo. Foi uma ovação louca, que não esperava, e eu nem consegui realizar, porque estava concentrada para entrar em quadra: eu também estava emocionada.



Quando começou a viver este parêntese?

- Quando retornei do Mundial do Japão. Quando estava lá, reparei algo, mas não sabia o que era e dizia para mim mesma que podia ser qualquer coisa. Me concentrei no Mundial e preferi não fantasiar coisas malucas sem saber. Estava convicta que não era nada, ainda que pensasse um pouco sobre. O pior foi quando retornei.

O voleibol também fez parte da sua vida neste momento?

- Fui obrigada a me afastar, mas por pouco tempo. Assim que pude, retornei rápido a Bergamo, ao ambiente no qual estava acostumada a estar, ainda que apenas para acompanhar os treinamentos das minhas companheiras. Estar com a equipe me ajudou um pouco. Estar no voleibol poliu minha mente de outros pensamentos e então eu tentei voltar o mais rápido possível. E devo dizer até que retornei bastante rápido a fazer algo fisicamente.

Se diz que se conhece os verdadeiros amigos em momentos como este. Você descobriu ter amigos verdadeiros no voleibol?

- Sabia quais eram os amigos verdadeiros e são aqueles que ficaram próximos a mim, também fisicamente. Mas descobri também o afeto de todo o voleibol e gostei muito. Foi difícil contar que estava doente, porque sabia que desencadearia uma grande reação. Vir a saber algo assim foi duro para todos, mas não sabia que eu encontraria tanta gente próxima a mim e que me fariam sentir seu carinho de todos os modos.

Se sente mudada?

- Sim, mudei de algum modo. Nesse momento, também fisicamente. A operação não foi absurda, mas como todas as cirurgias traz consequências. E eu tive que fazer radioterapia também e ainda estou fazendo tratamentos preventivos que não são fáceis de superar. Devo lutar contra essa mudança na condição física: se tivesse um trabalho mais tranquilo seria mais simples, mas no meu caso preciso usar o físico como meio para alcançar os meus objetivos. Como pessoa, no entanto, essa coisa me marcou. É inevitável.



Você acha que essa experiência te condicionará?

- Estou tentando fazer de modo com que isso não aconteça. Há momentos ainda em que não me sinto muito bem. Mas isso pode ser também devido os tratamentos que estou fazendo. Estou tentando fazer com que as duas coisas andem juntas, nem quero diminuir aquilo que estou fazendo, nem ter que trocar o tratamento para favorecer a minha atividade no voleibol. Acho que não seria justo em nenhum dos dois casos.

Foi difícil retornar ao dia a dia do voleibol?

- Não, ao contrário. O retorno a quadra foi aquilo que fiz com maior facilidade. Simplesmente retornei a minha vida normal, de atleta, daquela que se vai treinar e trabalhar. Num primeiro momento tive que colocar a frente um aspecto mais importante, o tratamento. Procurava também fazer qualquer coisa fisicamente, mas não conseguia treinar muito. Estava sempre cansada e tinham os efeitos colaterais que não me permitiam fazer atividade. Quando terminei a terapia, retornei normalmente a minha vida de atleta, controlado no início porque não podia movimentar o braço e receber pancadas, depois, pouco a pouco, tudo voltou ao normal.

No seu Bergamo agora é novamente titular.

- É uma bela sensação para mim, mesmo que seja difícil retornar depois de tantos meses em que a equipe estava trabalhando. Tantas meninas são as mesmas do ano passado, mas o fato é que elas estavam trabalhando e eu fiquei para trás. É difícil ter controle completamente, mas com o tempo acredito que conseguirei. Noemi, que me substituiu, foi muito bem e em qualquer momento agora pode entrar e jogar. Cresceu muito e quando retornei ela estava jogando realmente bem. Também por isso foi difícil voltar, porque o time funcionava e eu obviamente não estava no meu máximo.



Já conversou sobre a seleção com o técnico Barbolini?

- Fizemos, sim, mas muito tranquilamente, ainda não entramos em detalhes da nova temporada. Eu, porém, tenho a seleção na cabeça. Encontraremos um modo de recomeçar também essa aventura de verão.

O mundo do voleibol está mobilizado para a sua candidatura a porta bandeira italiana nas Olimpíadas de Londres.

- Isso foi muito bonito. Depois de uma partida, uma menina que fazia parte do grupo que lançou essa iniciativa no facebook veio até a mim. Me dei conta que muitas pessoas pensam em mim para um papel assim importante. São tantos atletas que mereceriam levar a bandeira nas Olimpíadas, mas se coubesse a mim seria algo realmente sem igual. Não digo nada porque o caminho para chegar a Londres ainda é muito duro, mas se a nossa seleção chegar aos Jogos, ser a porta bandeira seria algo que não saberia nem explicar.


fonte: revista Pallavolo Supervolley, mês Abril 2011, fotos: Ivano Spada (o retorno de Lo Bianco, 1ª foto - Busto x Bergamo e, 2ª e 3ª  foto - Bergamo x Conegliano)

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